Resumo:Nas últimas semanas, o par USD/JPY tem oscilado entre 141,64 e 143,90, em meio a tensões geopolíticas no Oriente Médio e políticas monetárias globais. A volatilidade do par reflete o sentimento de risco dos investidores, que favorecem o dólar em momentos de apetite ao risco e o iene como refúgio seguro. As ações asiáticas, especialmente da China e Japão, também influenciam o mercado. Perspectivas futuras dependem de desenvolvimentos econômicos, políticas dos bancos centrais e dados dos EUA, com resistência psicológica em torno de 150,00.
Nas últimas semanas, os mercados financeiros globais têm sido fortemente influenciados por uma série de fatores econômicos e geopolíticos, especialmente os acontecimentos no Oriente Médio e as mudanças nas políticas monetárias dos bancos centrais ao redor do mundo. Um dos destaques deste cenário tem sido o comportamento do par de moedas dólar americano (USD) em relação ao iene japonês (JPY), que está oscilando em uma faixa relativamente estreita entre 141,64 e 143,90 no início da semana.
Contexto Geopolítico e Econômico
A região do Oriente Médio, rica em petróleo, tem sido historicamente uma área de alta volatilidade econômica e política. A possibilidade de uma guerra em larga escala na região gera incerteza nos mercados, o que influencia diretamente a percepção de risco dos investidores. Além disso, as mudanças nas políticas dos bancos centrais globais, em resposta a pressões inflacionárias e à desaceleração econômica, aumentam ainda mais a complexidade do cenário para os investidores que operam com pares de moedas como USD/JPY.
O sentimento de risco entre os investidores tem sido um fator crucial na definição da direção do par de moedas USD/JPY. Quando o apetite ao risco aumenta, o dólar tende a se valorizar, enquanto o iene, uma moeda de refúgio seguro, perde força. No entanto, quando o apetite ao risco diminui, o movimento contrário é observado, com o iene ganhando força em relação ao dólar. Este sentimento será amplamente influenciado pelas declarações e sinais emitidos pelos funcionários dos principais bancos centrais nos próximos dias, especialmente os dos Estados Unidos e do Japão.
Desempenho das Ações Asiáticas
Além das questões geopolíticas e monetárias, o desempenho das bolsas de valores asiáticas também desempenhou um papel importante na dinâmica do mercado cambial nesta semana. De acordo com plataformas de negociação de ações, as ações chinesas registraram um desempenho robusto, subindo mais de 6% no início das negociações desta semana, enquanto o índice Nikkei, do Japão, caiu 4,64% após a divulgação de relatórios econômicos que sugerem uma fraqueza na economia japonesa.
As ações da China continental, representadas pelo índice CSI 300, tiveram um salto de mais de 6%, impulsionado principalmente pelos ganhos no setor imobiliário, que subiu 7,4%. Esse crescimento acentuado nas ações chinesas reflete uma recuperação potencial no mercado imobiliário da China, que vinha enfrentando desafios nos últimos anos. O forte desempenho do setor sugere que as medidas de estímulo econômico adotadas pelo governo chinês estão começando a surtir efeito, o que gera otimismo entre os investidores.
Perspectivas para o Par USD/JPY
O movimento do par USD/JPY nesta semana continuará a ser moldado por vários fatores, incluindo o desenvolvimento das tensões no Oriente Médio, a resposta dos mercados globais às políticas monetárias dos bancos centrais e o desempenho das economias asiáticas, particularmente China e Japão. A volatilidade é esperada, uma vez que os investidores permanecem atentos aos dados econômicos e às declarações dos líderes financeiros.
No curto prazo, o intervalo entre 141,64 e 143,90 continuará a ser uma faixa crítica para o par USD/JPY, enquanto os investidores aguardam por maior clareza sobre os rumos da economia global. Um aumento nas tensões globais ou um declínio no apetite ao risco pode levar o iene a se valorizar, enquanto sinais de recuperação econômica ou um fortalecimento do dólar podem fazer o contrário.
Os dados econômicos mais recentes da China e do Japão oferecem uma visão complexa sobre as condições de mercado e os desafios enfrentados por ambas as economias. Na China, os números do Índice de Gerentes de Compras (PMI) de setembro indicaram uma leve recuperação, mas o setor de manufatura ainda enfrenta dificuldades. Já no Japão, uma forte contração na produção industrial gerou preocupações no mercado, levando a uma queda significativa nas ações, mesmo com o aumento das vendas no varejo.
China: PMI e Desempenho do Mercado de Ações
O PMI oficial de setembro da China alcançou 49,8, superando a expectativa de 49,5. Embora isso tenha sido um sinal positivo em relação às previsões, o setor de manufatura ainda está em território de contração pelo quinto mês consecutivo. Um PMI abaixo de 50 indica retração na atividade, o que sugere que a economia chinesa continua a enfrentar pressões. As empresas menores, especialmente no setor privado, sentiram mais os efeitos negativos, conforme demonstrado pela pesquisa da S&P Global, onde o PMI de manufatura privado caiu para 49,3, registrando a contração mais rápida em 14 meses.
Esses números refletem o cenário de dificuldades econômicas enfrentadas pela China, especialmente no setor manufatureiro. Entretanto, apesar da fraqueza contínua na manufatura, o mercado de ações chinês teve um desempenho robusto. O índice CSI 300, que mede o desempenho das ações listadas nas bolsas de Xangai e Shenzhen, subiu 6,22%. Este aumento foi impulsionado principalmente por setores de consumo e imobiliário. A expectativa de estímulos econômicos adicionais, voltados para revigorar o setor imobiliário, deu força ao mercado, com o Hang Seng Mainland Properties Index subindo 8%.
Além disso, o Índice Hang Seng de Hong Kong subiu 3,34%, impulsionado pelas ações de consumo, refletindo o otimismo em torno da recuperação econômica da China, apesar das preocupações persistentes sobre a contração no setor manufatureiro.
Japão: Queda na Produção Industrial e Desempenho do Mercado de Ações
Em contraste com o desempenho positivo da China, o Japão enfrentou uma semana difícil nos mercados. O índice Nikkei 225 caiu acentuados 4,64%, refletindo a queda na produção industrial do país. Os dados econômicos divulgados mostraram que a produção industrial japonesa caiu 4,9% em agosto, uma queda muito maior do que o esperado, especialmente em comparação ao declínio de apenas 0,4% no mês anterior. O declínio mensal também foi significativo, com uma redução de 3,3%, muito acima da expectativa de 0,9%.
Essa contração na produção industrial teve um impacto negativo sobre o sentimento do mercado, e o setor imobiliário liderou as perdas. A empresa Isetan Mitsukoshi Holdings, uma holding de lojas de departamento, foi a maior perdedora no índice, caindo 11%. O índice TOPIX, mais amplo, também caiu 3,3%, refletindo o impacto generalizado da desaceleração na produção.
Resiliência no Varejo Japonês e Desvalorização do Iene
Apesar da fraqueza no setor manufatureiro, o Japão apresentou um desempenho positivo no varejo. As vendas no varejo subiram 2,8% em agosto em comparação ao ano anterior, superando as expectativas de 2,3%. Isso indicou que os gastos do consumidor no Japão continuam resilientes, mesmo diante de desafios econômicos mais amplos. Essa resiliência é crucial para apoiar a economia japonesa, que tem enfrentado dificuldades em outros setores.
No entanto, o iene japonês continuou a enfraquecer em relação ao dólar americano, com uma desvalorização de 0,13%, sendo negociado a 142,38 por dólar. Isso sugere que os investidores permanecem cautelosos em relação à economia japonesa, especialmente com a perspectiva de mudanças nas políticas monetárias.
Além da incerteza econômica no Japão, os investidores também estão digerindo a mudança política após a vitória de Shigeru Ishiba na eleição do Partido Liberal Democrata. Ishiba sucederá Fumio Kishida como primeiro-ministro do Japão, levantando questões sobre potenciais mudanças políticas que podem impactar a economia e os mercados do Japão nos próximos meses. Fora da China e do Japão, outros mercados asiáticos tiveram resultados mistos. O S&P/ASX 200 da Austrália subiu 0,72%, quebrando uma alta histórica de 8.246,2. Na Coreia do Sul, o Kospi caiu 1,13%, enquanto o Kosdaq de menor capitalização caiu 1,21%.
Nos Estados Unidos, o Dow Jones Industrial Average atingiu uma nova máxima na sexta-feira, subindo 0,33% para fechar em 42313,00. Essa alta ocorreu quando os traders avaliaram novos dados de inflação, já que o índice de preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) - a medida de inflação preferida do Federal Reserve - mostrou um aumento anual de 2,2% em agosto. Esse número estava em linha com as expectativas e aumentou as esperanças de que a inflação está gradualmente ficando sob controle, dando um impulso às ações dos EUA. No entanto, o S&P 500 caiu 0,13%, enquanto o Nasdaq Composite perdeu 0,39%.
Com base no gráfico diário em anexo, a tendência geral para USD/JPY permanece de baixa e, enquanto estiver mais perto do suporte psicológico de 140,00, os ursos permanecerão no controle. Ao mesmo tempo, os indicadores técnicos estão se movendo em direção a fortes níveis de sobrevenda. Por outro lado, a primeira quebra da tendência geral não acontecerá sem que os touros se movam em direção aos níveis de resistência de 147,95 e à resistência psicológica de 150,00, respectivamente. Caso contrário, a tendência geral permanecerá de baixa. Em última análise, o par USD/JPY permanecerá em seu caminho atual até que os mercados e investidores reajam aos números de empregos dos EUA e aos comentários do presidente do Fed, Jerome Powell.