Resumo:O mercado do ouro amanhece nesta quinta-feira (23) em ritmo de correção técnica, após uma das maiores quedas diárias da última década. O metal precioso, que havia atingido US$ 4.381 por onça no início da semana — novo recorde histórico —, agora é negociado em torno de US$ 4.082, refletindo a força do dólar americano, o movimento de realização de lucros e a expectativa de novos dados de inflação nos Estados Unidos.

Publicado em 23/10/2025
O mercado do ouro amanhece nesta quinta-feira (23) em ritmo de correção técnica, após uma das maiores quedas diárias da última década. O metal precioso, que havia atingido US$ 4.381 por onça no início da semana — novo recorde histórico —, agora é negociado em torno de US$ 4.082, refletindo a força do dólar americano, o movimento de realização de lucros e a expectativa de novos dados de inflação nos Estados Unidos.
No Brasil, o ouro também recuou, acompanhando o movimento internacional. A cotação média, que havia ultrapassado R$ 710 por grama, voltou a R$ 699,44, em linha com a valorização pontual do dólar frente ao real e a leve recuperação do índice DXY, que mede a força global da moeda americana.
Mesmo com a correção recente, o ouro acumula uma alta de 56% em 2025, sendo ainda um dos ativos mais rentáveis do ano, impulsionado por incertezas geopolíticas, políticas monetárias mais brandas e forte demanda dos bancos centrais.
O principal fator de queda nesta semana foi a fortalecimento do dólar, que se valorizou após declarações de autoridades do Federal Reserve indicando cautela nos cortes de juros.
Como o ouro é cotado em dólares, um dólar mais caro torna o metal menos acessível para investidores que operam com outras moedas, reduzindo a demanda global e, consequentemente, o preço do ativo.
Segundo analistas, o ouro caiu abaixo de US$ 4.200 por onça devido à correlação inversa entre o dólar e o metal precioso — uma relação clássica que se intensifica em períodos de aversão ao risco.
No entanto, mesmo diante da retração, o mercado continua a ver o ouro como um dos principais ativos de proteção patrimonial, especialmente em um ambiente de inflação persistente, endividamento elevado dos governos e volatilidade cambial.
Após um rali que elevou o ouro em mais de 60% no ano, o mercado iniciou uma forte onda de realização de lucros. A sessão de terça-feira marcou a maior queda diária desde 2013, com retração superior a 6%, impulsionada pela liquidação de posições especulativas e ajustes automáticos em fundos de investimento vinculados ao metal.
De acordo com o SPDR Gold Trust, o maior fundo de ouro do mundo, as reservas caíram 0,59%, de 1.058,66 para 1.052,37 toneladas métricas, um sinal claro de saída de capital institucional e movimento de correção natural após ganhos expressivos.
Ainda assim, analistas afirmam que o viés de longo prazo continua altista, já que os fundamentos macroeconômicos — juros em queda, demanda centralizada e instabilidade política — permanecem sólidos.
No mercado doméstico, o ouro é diretamente influenciado pela cotação do dólar frente ao real. Hoje, com o dólar oscilando em torno de R$ 5,38, a cotação do ouro no Brasil gira em média R$ 699,44 por grama, levemente abaixo do pico recente.
Esse movimento reflete o duplo impacto da queda do ouro em dólar e da estabilidade do câmbio local, já que o real conseguiu resistir à pressão global graças ao diferencial de juros (carry trade) e ao fluxo estrangeiro positivo.
Para investidores brasileiros, isso significa que, mesmo com a queda recente, o ouro segue caro em termos reais, sendo mais indicado para proteção de longo prazo do que para operações especulativas de curto prazo.
Do ponto de vista técnico, o ouro (XAU/USD) apresenta uma zona de suporte entre US$ 3.950 e US$ 3.880 e uma resistência importante em US$ 4.220 e US$ 4.300.
O Índice de Força Relativa (RSI) se afastou da zona de sobrecompra e agora se mantém próximo de 58 pontos, indicando neutralidade com leve viés baixista. Caso o preço caia abaixo de US$ 3.950, há espaço para teste em US$ 3.840, enquanto uma recuperação acima de US$ 4.160 pode reverter o cenário para alta de curto prazo.
Analistas técnicos recomendam cautela. “Uma queda acentuada pode representar oportunidade de recompra, mas é fundamental respeitar limites de risco e definir pontos claros de stop loss”, afirma Mahmoud Abdallah, analista de commodities.
O mercado de ouro permanece altamente sensível às tensões políticas e comerciais globais. O impasse entre EUA e China sobre tarifas e tecnologia, além das negociações energéticas com a Rússia, continuam a influenciar a percepção de risco dos investidores.
Declarações recentes de Donald Trump, indicando que espera fechar um acordo com Xi Jinping em reunião prevista para o fim do mês, aliviaram parte da tensão e contribuíram para o recuo do ouro nesta semana.
Entretanto, qualquer sinal de fracasso nas negociações pode reacender o apetite por proteção e empurrar o ouro novamente acima de US$ 4.300. Além disso, as tensões no Oriente Médio e o risco de paralisação do governo americano (shutdown) seguem no radar dos investidores.
Esses fatores, combinados, criam um ambiente de alta volatilidade, onde oscilações abruptas no preço do ouro são esperadas até o fim de outubro.
O movimento de correção do ouro também atingiu os demais metais preciosos. A prata (XAG/USD) recuou para US$ 48,31 por onça, após atingir recordes no início do mês, enquanto platina e paládio caíram 1,4% cada, sendo negociados a US$ 1.598,65 e US$ 1.438,47, respectivamente.
A prata sofre impacto adicional devido à sua dupla função industrial e de investimento. A desaceleração global reduz a demanda física, intensificando a pressão de baixa — um movimento que não afeta o ouro com a mesma intensidade, já que o metal é mais procurado como ativo de reserva e proteção cambial.
O futuro do ouro está intimamente ligado à trajetória da política monetária dos EUA. O mercado aposta em um corte de 25 pontos-base na próxima reunião do Fed, o que, se confirmado, deve apoiar nova valorização do metal.
Juros mais baixos reduzem o custo de oportunidade de manter ativos não remunerados, como o ouro, tornando-o mais atraente. Além disso, a demanda de bancos centrais continua aquecida — países como China, Turquia e Índia seguem aumentando suas reservas em ouro, como forma de diversificar ativos e reduzir exposição ao dólar.
Mesmo assim, a volatilidade de curto prazo tende a permanecer elevada. O mercado reage fortemente a dados macroeconômicos, e qualquer surpresa inflacionária ou mudança no discurso do Fed pode gerar novas ondas de liquidez ou aversão ao risco.
Para o investidor brasileiro, a cotação do ouro em reais deve seguir oscilando entre R$ 690 e R$ 720 por grama nos próximos dias. O cenário combina pressão externa (com o ouro em dólar corrigindo) e estabilidade interna (com o câmbio contido pela Selic elevada).
A curto prazo, a tendência é de consolidação, mas o ouro segue forte em horizonte anual, sendo considerado um dos melhores instrumentos de preservação de valor frente às incertezas fiscais do país e às tensões internacionais.
O recente recuo do ouro representa mais uma fase natural de ajuste após um rali extraordinário em 2025. A valorização acumulada no ano ainda é impressionante, e o metal continua a desempenhar um papel essencial como porto seguro em tempos de incerteza.
Enquanto o dólar permanece forte e os mercados aguardam novos sinais do Federal Reserve, o ouro encontra espaço para oscilações controladas, mas sem perder o viés altista de médio prazo.
No Brasil, o metal segue sendo referência de proteção patrimonial, especialmente diante de um ambiente de inflação global persistente, instabilidade política e riscos fiscais domésticos.
O investidor que busca segurança deve manter o ouro em sua carteira como elemento de diversificação e blindagem contra choques macroeconômicos. Em 2025, mais do que nunca, o ouro reafirma sua posição milenar: um ativo de confiança em meio à incerteza.
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