Resumo:O ouro inicia esta semana sob forte atenção dos mercados globais. A combinação de volatilidade elevada, falta de dados econômicos completos após o shutdown americano e incerteza sobre os próximos passos do Federal Reserve cria um ambiente carregado de riscos e oportunidades. O metal precioso abre a semana sendo negociado próximo de US$ 4.080,78, enquanto, no Brasil, o preço gira em torno de R$ 696,65. Apesar da leve recuperação recente, o ouro permanece preso entre zonas técnicas decisivas que podem definir se haverá continuação da tendência de alta ou o início de uma correção profunda.

Publicado em 16/11/2025
O ouro inicia esta semana sob forte atenção dos mercados globais. A combinação de volatilidade elevada, falta de dados econômicos completos após o shutdown americano e incerteza sobre os próximos passos do Federal Reserve cria um ambiente carregado de riscos e oportunidades. O metal precioso abre a semana sendo negociado próximo de US$ 4.080,78, enquanto, no Brasil, o preço gira em torno de R$ 696,65. Apesar da leve recuperação recente, o ouro permanece preso entre zonas técnicas decisivas que podem definir se haverá continuação da tendência de alta ou o início de uma correção profunda.
Ao longo deste relatório, avaliamos com profundidade a conjuntura global, o impacto da ausência de indicadores macroeconômicos norte-americanos, as expectativas sobre a política monetária, a estrutura técnica do XAU/USD e do XAU/BRL e os possíveis cenários projetados para esta semana. A análise se apoia integralmente nas informações disponibilizadas, com todas as referências numéricas, projeções e níveis técnicos essenciais.
O ouro encerrou a última semana com alta de 2,11%, fechando em torno de US$ 4.085,83, mas a recuperação não foi suficiente para romper a região de resistência mais crítica, localizada em US$ 4.133,95 — nível associado à retração de 50% do movimento mensal. Essa zona funciona, neste momento, como uma barreira psicológica e técnica: caso seja superada, o ouro volta a ter espaço para testar US$ 4.245,20 e, posteriormente, o recorde em US$ 4.381,44. Entretanto, se falhar novamente, o mercado pode interpretar o comportamento como perda de força compradora e aumento da probabilidade de formação de um topo secundário.
Do lado defensivo, compradores seguem protegendo com intensidade a faixa entre US$ 4.030 e US$ 4.050, que se sobrepõe à média móvel de 200 períodos no gráfico de 4 horas, e principalmente o suporte psicológico dos US$ 4.000. Esse patamar funciona como a grande “linha de fogo” da semana. Caso seja rompido, cresce o risco de uma queda acelerada em direção a US$ 3.886,46, com possibilidade de estender o movimento até US$ 3.846,50 ou mesmo US$ 3.720,25.
O cenário macroeconômico norte-americano é o principal elemento que impede o ouro de encontrar uma direção mais clara. A paralisação do governo dos Estados Unidos por 43 dias comprometeu seriamente a divulgação de indicadores essenciais. Até agora, não há informações completas sobre inflação de outubro (CPI), Payroll, indicadores regionais de emprego, dados fiscais trimestrais, índices de consumo e pesquisas industriais detalhadas. O Federal Reserve, portanto, está diante de uma situação inédita: precisa tomar decisões de política monetária sem possuir a base estatística que normalmente fundamenta suas ações.
Essa ausência de dados gera duas reações simultâneas. Por um lado, aumenta a percepção de risco econômico, fortalecendo a demanda pelo ouro como proteção. Por outro, impede que compradores assumam posições mais agressivas, justamente porque não existe suporte macro suficiente para confirmar um cenário de queda nos juros. Assim, a falta de informação se torna um elemento que, paradoxalmente, impulsiona e trava o ouro ao mesmo tempo.
O pessimismo do consumidor norte-americano também contribui para a cautela. O índice de sentimento da Universidade de Michigan recuou cerca de 30% em relação ao ano anterior, aproximando-se do segundo pior nível desde 1978. Esse indicador geralmente se correlaciona com avanços no ouro, pois reflete incerteza na economia real e redução do apetite ao risco. Ao mesmo tempo, dados do ADP continuam mostrando a eliminação de aproximadamente 11.000 vagas por semana, sinalizando fragilidade do mercado de trabalho e acrescentando pressão sobre o Federal Reserve para afrouxar a política monetária no futuro próximo.
A ata do Fed, que será divulgada nesta quarta-feira, pode funcionar como gatilho dominante da semana. Qualquer sinal mais dovish pode reacender os fluxos de compra no ouro, enquanto qualquer nuance hawkish, mesmo sutil, tende a ampliar as apostas de correção, sobretudo se os juros dos Treasuries retomarem trajetória ascendente.
A estrutura técnica do ouro revela um mercado em estado de hesitação. No gráfico diário, observam-se candles com sombras longas e vários dojis indicativos de indecisão, enquanto algumas divergências de baixa começam a se formar. Embora não confirmem reversão, esses sinais mostram claramente que os compradores não têm domínio total do movimento.
No gráfico de 4 horas, o padrão predominante é um triângulo simétrico, resultado direto da compressão causada pelo suporte em torno da média móvel de 200 períodos e pela resistência intermediária em US$ 4.110. A região próxima de US$ 4.211 é particularmente importante, pois representa o ponto a partir do qual o mercado tende a validar a retomada da tendência principal. Se o preço conseguir fechar acima desse nível, a probabilidade de buscar novamente US$ 4.245,20 aumenta de forma significativa.
Já no gráfico de 1 hora, o ouro apresenta um comportamento mais volátil. O pivô curto destacável está em US$ 4.110. Fechamentos firmes acima desse ponto favorecem compradoras de curto prazo, enquanto fechamentos abaixo pressionam para novas correções, principalmente se acompanhados de volume crescente e perda da zona de US$ 4.050.
A região entre US$ 4.000 e US$ 4.030 permanece como o bloco de defesa mais importante. A perda dessa faixa pode desencadear uma reação em cadeia de stops, amplificando a aceleração vendedora.
Para o ouro em dólar, três cenários principais se desenham de forma clara. O cenário altista, com probabilidade aproximada de 35%, depende essencialmente de um rompimento consistente da região de US$ 4.133,95, o que restabeleceria a tendência de alta e abriria caminho para um teste imediato de US$ 4.245,20, com projeção final em US$ 4.381,44 caso o impulso se mantenha. Esse movimento exige apoio fundamental, como sinais dovish do Federal Reserve ou novos dados fracos de atividade.
O segundo cenário, considerado o mais provável com 40% de chance, sugere que o ouro seguirá consolidado ao longo da semana, oscilando entre US$ 4.030 e US$ 4.133,95. Esse padrão reflete a cautela do mercado diante da falta de dados econômicos confiáveis e da necessidade de aguardar a ata do Fed. A volatilidade tende a permanecer moderada, com movimentos irregulares e sem direção definida.
O terceiro cenário, com aproximadamente 25% de probabilidade, prevê uma correção mais forte. Ele se concretiza caso o ouro rompa a barreira psicológica dos US$ 4.000. Nessa hipótese, o movimento técnico tende a se aprofundar rapidamente, levando o preço a buscar US$ 3.886,46, com potencial de extensão até US$ 3.846,50 e US$ 3.720,25. Esse é o cenário que teria maior impacto emocional e financeiro no mercado, pois marcaria uma quebra de tendência no curto prazo.
A cotação do ouro em reais, atualmente em torno de R$ 696,65, reflete tanto a variação internacional do XAU/USD quanto o comportamento do dólar frente ao real. Nas últimas sessões, a valorização do real contribuiu para limitar a alta do ouro em moeda brasileira, mesmo com oscilações do preço internacional.
Para os próximos dias, o desempenho do XAU/BRL dependerá essencialmente da trajetória do dólar. Se o dólar perder força — algo plausível diante do fim do shutdown e da deterioração dos dados econômicos — o ouro em reais tende a ficar pressionado, podendo recuar em direção aos R$ 680,00. Caso o dólar ganhe tração por algum motivo, especialmente diante da ata do Fed, o movimento pode inverter rapidamente, e a região dos R$ 700,00 volta a se tornar um alvo natural.
O nível de R$ 645,00 desponta como suporte mais importante em caso de queda mais forte, enquanto a quebra de R$ 700,00 abriria espaço para movimentos mais amplos.
O calendário econômico é decisivo. A ata do Federal Reserve é o evento mais aguardado e pode influenciar diretamente o comportamento do ouro, dependendo do tom adotado pelos dirigentes. Além disso, haverá a divulgação do índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan e outros indicadores de atividade que foram prejudicados pelo shutdown. A retomada das divulgações deve gerar volatilidade adicional.
O fluxo de capitais pós-shutdown também precisa ser considerado. Há setores que podem reagir de maneira mais lenta, enquanto outros — especialmente tecnologia e equities — podem experimentar volatilidade elevada. A proximidade do feriado de Ação de Graças pode reduzir a liquidez no final da semana, aumentando a chance de movimentos abruptos.
Esta semana pode definir o comportamento do ouro para o restante de novembro. O nível mais importante do gráfico é US$ 4.133,95. Se esse patamar for superado, o caminho em direção ao topo histórico volta a estar aberto. Porém, se o metal falhar novamente, cresce o risco de que o movimento altista recente seja apenas uma recuperação temporária dentro de um ciclo maior de correção.
A perda dos US$ 4.000 permanece como o gatilho mais perigoso, capaz de desencadear uma onda de liquidações que pressionaria tanto o XAU/USD quanto o XAU/BRL. Em um ambiente macroeconômico confuso, com falta de dados, volatilidade elevada e decisões monetárias incertas, o ouro está em território de elevada sensibilidade.
Para a semana, a recomendação é de cautela estratégica: acompanhar atentamente os níveis técnicos mencionados, operar com stops ajustados e estar preparado para mudanças bruscas de direção. O ouro não está oferecendo margens para erros — e os próximos dias podem ser determinantes para o rumo do mercado.
