Resumo:O mercado Forex amanhece nesta quarta-feira, 12 de novembro de 2025, em compasso de espera. A aprovação do projeto que deve encerrar o shutdown mais longo da história recente dos EUA reacende o otimismo global, mas também aumenta a volatilidade nos pares de moeda e nas commodities.

Publicado em 12/11/2025
O mercado Forex amanhece nesta quarta-feira, 12 de novembro de 2025, em compasso de espera. A aprovação do projeto que deve encerrar o shutdown mais longo da história recente dos EUA reacende o otimismo global, mas também aumenta a volatilidade nos pares de moeda e nas commodities.
O dólar americano (USD) mostra leve recuperação após perdas recentes, com o Índice DXY em 99,47 pontos, em alta de 0,2%, enquanto investidores aguardam a votação final na Câmara dos Representantes para reabrir oficialmente o governo.
A moeda dos EUA reage ainda aos novos dados de emprego divulgados pela ADP, que mostraram perda média de 11.250 postos de trabalho por semana no final de outubro — um número que reacende a preocupação sobre a fragilidade do mercado de trabalho americano e reforça as apostas de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em dezembro.
O avanço do dólar nesta quarta-feira reflete o alívio temporário após as fortes quedas registradas na sessão anterior. Apesar da alta modesta, a moeda ainda opera sob pressão no acumulado da semana, mantendo-se fraca frente a moedas ligadas a commodities, como o dólar australiano (AUD) e o dólar neozelandês (NZD).
De acordo com dados do mercado, o USD perdeu 0,74% frente ao AUD e 0,63% frente ao NZD, enquanto apresentou ganho de 0,4% contra o iene japonês (JPY), que caiu à mínima em nove meses — cotado a ¥154,73.
O EUR/USD é negociado em torno de 1,1573, após ligeira queda de 0,1%, influenciado pela inflação alemã que desacelerou para 2,3% em outubro, confirmando dados preliminares. Já o GBP/USD recua 0,2%, para 1,3124, pressionado por dados fracos do mercado de trabalho britânico e tensões políticas internas que afetam a confiança na libra.
A atenção global continua voltada para o Federal Reserve, cuja próxima reunião está marcada para 10 e 11 de dezembro. O mercado já precifica uma probabilidade de 61,9% de um corte de 25 pontos-base na taxa de juros, acima dos 57,8% do dia anterior, segundo o CME FedWatch Tool.
O relatório da ADP adicionou combustível a essa expectativa ao mostrar fraqueza persistente no emprego privado, enquanto o sentimento do consumidor americano caiu para 50,3 pontos, o menor patamar em três anos. Esses indicadores reforçam o argumento de que o Fed pode flexibilizar a política monetária mais cedo do que o previsto.
Ainda assim, membros do banco central mantêm tom cauteloso em suas declarações recentes, alertando que cortes prematuros podem reacender pressões inflacionárias. A retomada dos dados oficiais, suspensos durante o shutdown, deve oferecer mais clareza sobre a direção da economia e o ritmo da política de juros.
Enquanto o dólar se estabiliza, os mercados de ações registram ganhos moderados. Os futuros de Wall Street operam em alta entre 0,2% e 0,5%, e os índices europeus também iniciam o dia no positivo, liderados pelo DAX alemão, que rompeu a resistência dos 24.510 pontos após recuperar as médias móveis de 50 e 200 períodos.
O S&P 500 é impulsionado pela força do setor de tecnologia, que agora responde por 36% do índice, enquanto o Nasdaq sobe 1,2%. Analistas destacam, porém, a dependência crescente do mercado em relação à performance das gigantes de IA, o que aumenta a vulnerabilidade a correções bruscas caso o entusiasmo tecnológico diminua.
Na Europa, o setor de energia acumula alta de 18% no ano em euros (32% em dólares), mesmo com a queda de 15% no preço do petróleo — um movimento considerado historicamente anômalo, sustentado por eficiência e disciplina de dividendos.
Contudo, com projeções de lucro reduzidas em 15% para 2026, analistas alertam que a sustentação dessa performance dependerá de uma recuperação mais consistente do petróleo.
O ouro (XAU/USD) estende seu movimento lateral acima de US$ 4.100, consolidando ganhos após um rally expressivo na segunda-feira, enquanto os investidores aguardam as declarações do Fed e o fim oficial da paralisação do governo. O metal precioso segue apoiado pela fraqueza do dólar e pela queda dos rendimentos dos Treasuries, permanecendo uma das principais alternativas defensivas do momento.
O petróleo Brent, por sua vez, mantém-se estável em torno de US$ 80 o barril, sustentado pelo otimismo político em Washington e pela redução das preocupações com oferta, após declarações conciliatórias entre EUA e China sobre tarifas.
Com o avanço das negociações comerciais, cresce a percepção de que as tensões bilaterais podem ser parcialmente atenuadas, abrindo espaço para uma melhoria gradual no fluxo global de energia e manufaturas.
O foco asiático recai sobre o Japão e a China, onde as declarações oficiais seguem influenciando fortemente o sentimento regional.
No Japão, a primeira-ministra Sanae Takaichi admitiu que o país ainda não saiu da deflação e expressou esperança de que o Banco do Japão (BoJ) mantenha políticas que sustentem a inflação em patamar saudável. A fala foi interpretada como sinal de continuidade da política monetária ultraexpansionista, o que explica a fraqueza persistente do iene.
Na China, o presidente Xi Jinping reafirmou o comprometimento com a parceria econômica com a Espanha, destacando “confiança e cooperação mútua”. O gesto é visto como tentativa de reforçar laços com a Europa em meio à transição política nos EUA e à incerteza nas cadeias globais de suprimento.
Enquanto isso, o Bitcoin (BTC/USD) segue em comportamento lateral, negociado próximo de US$ 103 mil, refletindo volatilidade reduzida e fluxos de capital migrando temporariamente para ações e metais preciosos.
Na Europa, o destaque é o mercado britânico, onde o desemprego subiu para 5,0% entre julho e setembro, acima das previsões, e os salários cresceram 4,2% no ano, ritmo inferior ao projetado pelo Banco da Inglaterra (BoE).
A combinação de crescimento fraco e pressões políticas — com rumores de que o primeiro-ministro Keir Starmer pode enfrentar um desafio interno de liderança — levou à queda da libra esterlina e à queda dos rendimentos dos títulos britânicos.
O mercado agora precifica 90% de probabilidade de corte de juros em 18 de dezembro, o que reforça o viés de desvalorização da libra nas próximas semanas. O FTSE 100 acumula alta de 15% no ano, impulsionado por grandes exportadoras e recompras de ações, enquanto o FTSE 250 recua 2,5%, refletindo a estagnação doméstica.
O alívio global com o fim do impasse fiscal dos EUA tem beneficiado as moedas emergentes, especialmente na América Latina. O real brasileiro (BRL) e o peso mexicano (MXN) se valorizam levemente frente ao dólar, impulsionados pelo fluxo de capitais de curto prazo e pelo diferencial de juros que favorece operações de carry trade.
Analistas destacam que o Brasil segue como destino atrativo para investidores estrangeiros em busca de rendimentos reais positivos, enquanto o México ganha com a relocalização de cadeias produtivas (“nearshoring”) para abastecer o mercado norte-americano.
Contudo, o cenário ainda é de cautela, especialmente diante da volatilidade do petróleo e do risco de novos choques inflacionários globais.
O dia 12 de novembro de 2025 marca um ponto de inflexão para o mercado financeiro global. O fim do shutdown nos EUA, aliado à expectativa de corte de juros pelo Fed, está reconfigurando o cenário cambial e reforçando o apetite por risco.
O dólar americano, embora mais estável, segue vulnerável às próximas divulgações de dados econômicos, enquanto moedas de países exportadores de commodities ganham terreno. Ao mesmo tempo, o ouro mantém-se resiliente acima de US$ 4.100, e os mercados acionários retomam a trajetória de alta com o alívio fiscal.
Em resumo, o Forex vive um momento de transição delicada, em que a confiança começa a retornar, mas as incertezas sobre inflação, crescimento e política monetária ainda ditam o ritmo.
O consenso é claro: a estabilidade política nos EUA é o gatilho que o mercado precisava para recuperar o fôlego — mas o verdadeiro teste virá com as decisões do Fed nas próximas semanas.
