Dólar Abre a Semana em Queda Após Trump Abrandar Discurso Contra a China

Publicado em 13/10/2025

Após semanas de forte volatilidade, o dólar inicia esta segunda-feira, 13 de outubro de 2025, com movimento de baixa frente ao real, refletindo a trégua temporária nas tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China. O presidente norte-americano, Donald Trump, suavizou seu discurso sobre Pequim, após ter anunciado uma tarifa de 100% sobre produtos chineses na sexta-feira anterior.

Essa mudança de tom foi suficiente para impulsionar o apetite por risco nos mercados globais, beneficiando moedas de países emergentes, como o real brasileiro, o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.

Às 9h10, o dólar à vista recuava 0,73%, sendo negociado a R$ 5,464, após ter fechado a sexta-feira anterior com forte alta de 2,38%, a R$ 5,503

Leilões Do Banco Central: R$ 1 Bilhão Para Suavizar A Volatilidade

Em resposta à volatilidade cambial e com objetivo de dar liquidez ao mercado, o Banco Central realizou nesta manhã dois leilões simultâneos de venda de dólares com compromisso de recompra, totalizando US$ 1 bilhão. A taxa de corte foi fixada em 5,380000% e 5,190000%, com liquidação prevista para 4 de novembro e recompra em fevereiro e abril de 2026, respectivamente

A atuação do BC sugere que a autoridade monetária está atenta ao cenário externo, mas também preocupada com a pressão fiscal interna, que segue no radar dos investidores.

Guerra Comercial: Discurso Conciliante Reduz Pressões Sobre Mercados

Após uma escalada no embate com a China, que incluiu restrições à exportação de terras raras por parte de Pequim e a ameaça tarifária de Trump, o final de semana trouxe certo alívio aos mercados. Trump publicou em sua rede social que “as tensões com a China ficarão bem” e que não deseja prejudicar o país asiático, o que acalmou os ânimos globais.

Segundo o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, houve comunicações substanciais entre os dois países, indicando que as tarifas não entrarão em vigor até 1º de novembro. Isso sinaliza espaço para negociações diplomáticas, especialmente com a previsão de um encontro entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping, na Coreia.

Esse reposicionamento geopolítico sustentou a valorização de commodities, impulsionou bolsas internacionais e reforçou o movimento de apreciação de moedas emergentes, como o real brasileiro.

Cotações Do Dólar: Turismo, Comercial e Futuro

• Dólar Comercial:
• Compra: R$ 5,463
• Venda: R$ 5,464
• Dólar Turismo:
• Compra: R$ 5,525
• Venda: R$ 5,705
• Dólar Futuro (Novembro): R$ 5,484, com recuo de 1,35%

Esse cenário reflete uma leve correção técnica após os fortes ganhos registrados na sexta-feira, além da menor liquidez global causada pelo feriado de Columbus Day nos Estados Unidos, que fechou os mercados de Treasuries.

Perspectivas Internas: Fiscal E Política No Centro Das Decisões

Embora o cenário externo tenha aliviado a pressão, o foco no Brasil recai sobre a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), marcada para quinta-feira (16/10). Segundo o CEO da Gravus Capital, Ricardo Trevisan Gallo, o maior risco está na incerteza fiscal e na instabilidade política, o que pode trazer volatilidade ao câmbio nos próximos dias.

A queda de braço entre Executivo e Congresso, especialmente após a rejeição da MP do IOF, força o governo a buscar novas formas de compensação fiscal e contribui para o aumento da aversão ao risco doméstico.

Desempenho Das Principais Moedas Frente Ao Dólar

EUR/USD: Pressionado Abaixo De 1.16

O euro chegou a testar uma leve alta nas primeiras horas do dia, mas recuou novamente, sendo negociado abaixo de 1.16, com suporte técnico importante em 1.15. Caso perca esse nível, o par pode buscar a média móvel de 200 dias, sugerindo uma possível inversão de tendência para baixa. O viés segue negativo, com analistas recomendando a venda nas altas enquanto o contexto permanecer adverso para o euro.

USD/JPY: Mantém Tendência De Alta Acima De ¥149

O dólar continua mostrando força frente ao iene japonês, sendo negociado acima de ¥149. O par encontrou suporte técnico nessa região, reforçado pela aproximação da média móvel de 50 dias. Analistas acreditam que o movimento altista deve continuar, favorecendo traders que buscam aproveitar o swap positivo em posições compradas.

AUD/USD: Consolidando Próximo À Média De 200 Dias

O dólar australiano opera em consolidação lateral, após ter registrado um gap de alta e se aproximar da média móvel de 200 dias. No entanto, permanece abaixo da resistência chave de 0.6550, o que sugere um mercado ainda em transição e sem força suficiente para sustentar uma reversão de tendência clara.

Commodities Em Alta: Petróleo E Minério Apoiam O Real

A valorização das commodities também contribui para a recuperação do real nesta segunda-feira. O petróleo sobe mais de 1,5%, impulsionado pelo relatório mensal da Opep, e o minério de ferro também apresenta ganhos, o que melhora o humor do mercado em relação aos ativos brasileiros.

O Ibovespa deve ser favorecido por esse ambiente de risco mais positivo, embora os investidores sigam atentos às negociações fiscais em Brasília e aos próximos passos da política monetária.

Reações Do Mercado Global

• Futuros de Nova York: operam em alta, refletindo o alívio nas tensões comerciais
• Mercados Europeus: também reagem positivamente ao tom mais conciliador de Trump
• Índice do Dólar (DXY): sobe 0,22%, cotado a 99,270, impulsionado pela fraqueza do euro

Mesmo com essa recuperação global, analistas alertam que a volatilidade pode retornar a qualquer momento, dada a instabilidade diplomática e a possibilidade de novas declarações surpreendentes de Trump ou Xi Jinping.

Negociações Comerciais Brasil-EUA Ganham Fôlego

No cenário bilateral, o Brasil tenta negociar a suspensão de tarifas com os EUA, iniciativa que ganhou impulso após conversas entre Lula, Trump e Geraldo Alckmin. O vice-presidente demonstrou otimismo, destacando que um acordo pode beneficiar os exportadores brasileiros e ampliar a competitividade do setor industrial.

Uma eventual redução tarifária com os Estados Unidos teria impacto direto sobre a balança comercial, contribuindo para reduzir déficits em transações correntes e fortalecendo o real frente ao dólar.

Expectativas Para A Semana

Com a agenda global movimentada, incluindo as reuniões do FMI e do Banco Mundial, e os desdobramentos da guerra comercial entre EUA e China, a semana promete ser decisiva para os mercados cambiais. Investidores monitoram:

• Discursos de dirigentes do Fed e do BoE
• Relatório mensal da Opep
• Dados da balança comercial da China
• Negociações fiscais no Congresso Nacional
• Leilões do Tesouro Nacional e ações do Banco Central

No Brasil, o Boletim Focus trouxe queda na projeção de inflação pela terceira semana consecutiva, o que pode abrir espaço para manutenção ou até corte da taxa Selic, dependendo do cenário fiscal.

Conclusão: Cautela Ainda É Palavra De Ordem

Apesar da reação positiva do real nesta segunda-feira, o cenário cambial permanece carregado de incertezas. A trégua comercial entre EUA e China é frágil, e o Brasil enfrenta desafios internos que podem reacender a volatilidade no mercado de câmbio.

A tendência de curto prazo para o dólar é de correção técnica e viés de baixa, especialmente se os fatores externos permanecerem favoráveis. No entanto, eventuais ruídos políticos e fiscais podem inverter rapidamente essa trajetória.

Para os traders de forex, o momento exige monitoramento constante de notícias, disciplina na gestão de risco e foco nos pares com maior liquidez e previsibilidade, como USD/BRL, EUR/USD e USD/JPY.