Resumo:Em 14 de outubro de 2025, o mercado cambial brasileiro amanheceu sob pressão. O dólar comercial abriu em alta, ultrapassando novamente o patamar simbólico de R$ 5,50, refletindo o aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, além da expectativa por novos pronunciamentos do Federal Reserve e os desdobramentos da agenda diplomática entre Brasil e EUA.
Publicado em 14/10/2025
Em 14 de outubro de 2025, o mercado cambial brasileiro amanheceu sob pressão. O dólar comercial abriu em alta, ultrapassando novamente o patamar simbólico de R$ 5,50, refletindo o aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, além da expectativa por novos pronunciamentos do Federal Reserve e os desdobramentos da agenda diplomática entre Brasil e EUA.
Neste relatório especial da WikiFX, vamos analisar os principais fatores que impulsionaram a valorização do dólar hoje, além de explorar as expectativas para a política monetária americana, os impactos geopolíticos e como o cenário internacional influencia diretamente a cotação do real frente a outras moedas.
Às 9h15 da manhã, o dólar à vista operava com alta de 0,87%, sendo vendido a R$ 5,510.
Na B3, o contrato futuro para novembro — o mais negociado no momento — avançava 0,77%, chegando a R$ 5,527.
Já o dólar turismo, usado por viajantes e com tarifas embutidas, era cotado a R$ 5,705 na venda, enquanto a compra era feita por R$ 5,525.
Esse movimento acompanha o fortalecimento global da moeda americana diante de moedas emergentes e desenvolvidas, e é sustentado por preocupações crescentes com o ambiente internacional.
O estopim da alta cambial de hoje foi a anúncio de sanções por parte da China contra cinco subsidiárias americanas da sul-coreana Hanwha Ocean, em resposta a ações dos Estados Unidos. O mercado entendeu essa atitude como um sinal claro de escalada na guerra comercial, aumentando o nível de aversão ao risco global.
O banco Wells Fargo alertou que, embora ainda estejamos em uma “guerra comercial contida”, os riscos caminham para um cenário mais negativo caso novas tarifas e sanções sejam implementadas.
Com a data limite de 1º de novembro para imposição de restrições às exportações chinesas e tarifas adicionais, cresce a preocupação com uma fragmentação geopolítica ainda maior. O temor é de que EUA e China busquem alianças estratégicas e alterem profundamente o cenário comercial internacional.
Outro componente importante para o movimento do dólar nesta terça-feira é a espera pelo discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, agendado para as 13h30 (horário de Brasília).
A fala de Powell poderá trazer sinais sobre possíveis cortes de juros na reunião do FOMC marcada para 29 de outubro. Segundo a plataforma FedWatch, 95% dos investidores já precificam um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica americana.
Caso essa expectativa se confirme, o movimento tende a ser positivo para o real, pois o diferencial de juros entre Brasil e EUA se amplia, tornando os ativos brasileiros mais atraentes para capital estrangeiro.
No plano doméstico, o destaque fica por conta da reunião entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, marcada para ocorrer em Washington nos próximos dias.
O encontro promete discutir a sobretaxa de 40% imposta pelos EUA às exportações brasileiras, além de outras questões como:
A depender do tom adotado nas conversas e eventuais acordos, o mercado cambial pode reagir favoravelmente, com redução da pressão sobre o dólar no Brasil.
Internamente, o cenário fiscal também continua pesando. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aguarda o retorno do presidente Lula para definir novas medidas econômicas, incluindo um possível corte superior a R$ 7 bilhões em emendas parlamentares.
A instabilidade causada pelo vencimento da medida provisória sobre impostos de bets e isenções do agro adiciona incertezas ao cenário macroeconômico.
A falta de clareza sobre o ajuste fiscal pode aumentar a percepção de risco por parte dos investidores, pressionando ainda mais a moeda brasileira frente ao dólar.
Do ponto de vista técnico, o dólar rompeu zonas de resistência importantes ao ultrapassar os R$ 5,50. Caso o movimento de alta continue, os próximos alvos podem se situar na faixa de R$ 5,56 a R$ 5,60.
Entretanto, caso o discurso de Powell hoje à tarde seja dovish (isto é, a favor da queda de juros), e as tensões comerciais arrefeçam, o dólar pode recuar rapidamente para R$ 5,45, onde encontra suporte técnico relevante.
A valorização do dólar não foi um fenômeno exclusivo ao Brasil. Outras moedas emergentes também recuaram diante do dólar americano, embora em menor intensidade.
Entre os pares observados:
Esses movimentos reforçam a tendência de fortalecimento global do dólar, em momentos de instabilidade internacional.
Apesar da alta de hoje, o mercado acredita que o real pode se valorizar nas próximas semanas, caso haja:
No entanto, se as tensões aumentarem, o real pode ser um dos ativos mais penalizados, devido à sua alta liquidez e sensibilidade aos fluxos globais.
O dólar rompeu os R$ 5,50 impulsionado por fatores externos, como o agravamento da disputa entre EUA e China, e pela espera de sinalizações do Fed sobre a taxa de juros americana.
No Brasil, a agenda diplomática e fiscal será crucial para determinar o rumo do real frente ao dólar nos próximos dias.
Investidores de forex devem se manter atentos a cada comunicado oficial, discurso e dado econômico, pois o cenário é altamente volátil e sujeito a reações bruscas.
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