Resumo:O ano de 2025 está se consolidando como um dos períodos mais lucrativos para o mercado de commodities metálicas. Com uma combinação de interrupções no fornecimento, demanda estrutural crescente e um dólar norte-americano em declínio contínuo, os preços de ouro, prata, cobre, zinco, platina e alumínio estão registrando altas expressivas.
Publicado em 06/10/2025
O ano de 2025 está se consolidando como um dos períodos mais lucrativos para o mercado de commodities metálicas. Com uma combinação de interrupções no fornecimento, demanda estrutural crescente e um dólar norte-americano em declínio contínuo, os preços de ouro, prata, cobre, zinco, platina e alumínio estão registrando altas expressivas.
Enquanto investidores fogem de ativos de risco e buscam proteção diante de incertezas geopolíticas e instabilidade fiscal nos Estados Unidos, os metais preciosos assumem o papel de porto seguro. Ao mesmo tempo, a transição energética e o crescimento acelerado de infraestruturas verdes estão aquecendo a procura por metais industriais, criando um cenário onde oferta e demanda seguem rumos divergentes.
Após uma forte correção em julho — provocada pela exclusão inesperada do cobre refinado e do minério de cobre das tarifas de importação dos EUA — os preços do cobre se estabilizaram e voltaram a subir com vigor em outubro. Essa reversão foi impulsionada por uma recomposição estratégica de estoques, redução da pressão especulativa e retomada da demanda física por parte dos principais consumidores industriais.
No momento, os contratos futuros de cobre na LME se aproximam do recorde de US$ 10.915 por tonelada, atingido em maio de 2024. E tudo indica que esse teto será testado novamente.
O principal fator por trás da recuperação é a ruptura no fornecimento global, em especial o acidente na mina de Grasberg (Indonésia) — a segunda maior mina de cobre do mundo. A inundação dos túneis subterrâneos causou mortes e forçou a Freeport-McMoRan a declarar força maior e cortar a projeção de produção anual.
Esse episódio se somou a interrupções em outros polos mineradores, que já vinham enfrentando quedas no teor do minério, instabilidade climática e pressões regulatórias. A oferta apertada estabeleceu um piso firme para os preços, sustentando o momento de alta.
O ouro tem sido o destaque absoluto entre os metais preciosos. Com uma valorização que o levou a romper a barreira dos US$ 3.900 por onça, o metal está muito próximo do marco psicológico dos US$ 4.000 — e os analistas acreditam que essa meta será alcançada em breve.
Diferente de outras altas cíclicas, a valorização atual do ouro é sustentada por forças fundamentais de longo prazo:
Além disso, a percepção de risco geopolítico segue elevada, com tensões persistentes no Leste Europeu, Oriente Médio e deterioração das relações entre Estados Unidos e China. Tudo isso torna o ouro a reserva definitiva de valor em tempos de instabilidade.
A prata, tradicionalmente chamada de “o ouro do povo”, vem apresentando desempenho ainda mais impressionante. Com uma alta acumulada de 62% no ano, o metal caminha para testar novamente o pico histórico de US$ 50, visto pela última vez em 2011.
O principal motor dessa valorização é o desequilíbrio entre oferta e demanda industrial. A prata é insubstituível na produção de painéis solares, veículos elétricos e eletrônicos, graças à sua condutividade incomparável. No entanto, a oferta primária segue limitada, com déficits sucessivos no fornecimento — já são sete anos consecutivos de déficit, algo sem precedentes na era moderna.
O enfraquecimento do dólar apenas intensifica esse movimento, tornando a prata uma alternativa atrativa tanto para hedge quanto para uso produtivo.
Enquanto o ouro e a prata ocupam os holofotes, a platina vem se valorizando silenciosamente — mas com ainda mais intensidade. Em 2025, a cotação do metal subiu 57%, incluindo uma impressionante alta de 28% apenas em junho, a maior em décadas.
A oferta global de platina caiu 6%, com destaque para a crise de produção na África do Sul, que vive seu pior desempenho desde 1999 (excluindo anos de greve). A reciclagem também segue muito abaixo dos níveis pré-pandemia, enquanto o consumo se mantém elevado nos setores automotivo, joalheiro e investidor.
Com estoques em mínimos históricos e um déficit de 850 mil onças previsto para o ano, a platina está se tornando uma aposta sólida entre traders atentos a desequilíbrios estruturais.
O trio de metais industriais — cobre, zinco e alumínio — tem se beneficiado diretamente da confluência entre demanda crescente e gargalos de produção.
Além do já mencionado caso da mina Grasberg, há uma série de problemas logísticos e técnicos em outras minas ao redor do mundo, com projeções de que o suprimento de cobre continue apertado até 2027. O crescimento da infraestrutura elétrica, dos veículos elétricos (EVs) e da energia renovável está elevando a necessidade do metal vermelho a patamares inéditos. Estima-se que a demanda global de cobre em EVs salte de 1,2 milhão de toneladas em 2025 para 2,2 milhões até 2030.
O zinco também está em foco, com os estoques da London Metal Exchange despencando 75% desde abril — atingindo os níveis mais baixos em dois anos. A redução de produção por parte de gigantes como a Nyrstar, na Austrália, intensifica a escassez. Por outro lado, a demanda chinesa se mantém firme, impulsionada por estímulos fiscais e expansão do setor de construção.
O alumínio, por sua vez, enfrenta restrições ambientais e custos energéticos elevados na Europa e na Ásia. Sua relevância na fabricação de estruturas leves para EVs, embalagens sustentáveis e painéis solares o coloca no centro da revolução verde. Com os fundos de investimento reforçando suas posições, o metal tende a manter a trajetória de valorização.
Um dos fatores mais unificadores da alta nos metais é o enfraquecimento contínuo do dólar. O Índice DXY já acumula queda de quase 10% no ano, e analistas veem mais espaço para desvalorização.
A economia dos EUA apresenta sinais claros de desaceleração:
Esse cenário amplia o apelo por ativos reais e tangíveis como ouro, prata, cobre e alumínio. Cada ponto percentual de queda do dólar torna os metais mais baratos para compradores internacionais — e, portanto, mais atrativos.
Do ponto de vista técnico, o gráfico do cobre confirmou uma reversão de tendência. A média móvel exponencial de 21 dias (EMA) cruzou para cima da média de 200 dias (SMA), configurando um sinal clássico de início de ciclo altista.
Os principais suportes estão agora em US$ 5,00, nível que coincide com antigas resistências e um ponto de inflexão psicológica. No campo das resistências, os alvos projetados são:
Enquanto o preço se mantiver acima do suporte, o estratégia dominante é a compra nas correções (buy the dip).
Com o dólar se aproximando de um suporte técnico de 14 anos, e sem sinais de recuperação estrutural, a tendência de valorização dos metais permanece firme. A expectativa é que o Índice DXY flutue entre 96,00 e 99,00, servindo de combustível adicional para o movimento de alta das commodities.
Ao mesmo tempo, a demanda por metais segue robusta:
Com tudo isso em jogo, o cenário permanece amplamente favorável para os metais até, pelo menos, o primeiro semestre de 2026.
O declínio estrutural do dólar, somado à escassez de oferta e à demanda sólida por metais preciosos e industriais, está transformando 2025 em um ano dourado para commodities. Para traders e investidores atentos, esse é o momento de acompanhar os gráficos, observar os fundamentos e posicionar-se estrategicamente em ativos que continuam entregando retornos consistentes em meio à instabilidade global.